Silicose: Causas, Sintomas, Tratamento e Prevenção
A silicose é a doença pulmonar ambiental conhecida há mais tempo. Sua primeira descrição foi feita por Hipócrates, que observou mineradores da época tendo dificuldades para respirar.
Atualmente, são mais de 6 milhões de trabalhadores potencialmente expostos no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde. A doença – incurável, mas tratável – gera um custo anual médio de 24.500 dólares por caso para a Seguridade Social.
Portanto, a silicose representa um grave risco para a saúde pública, principalmente para trabalhadores de indústrias. Por isso, preparamos esse guia sobre a doença, explicando mais sobre suas causas, sintomas, diagnóstico e métodos de prevenção.
O que é a Silicose
A silicose é uma pneumoconiose, tipos de doença pulmonar causadas por acúmulo de poeira nos pulmões. Nesse caso, é gerada pela inalação de pós de silicato (como o talco) ou partículas de sílica cristalizada, componente principal da areia.
A poeira de sílica se desprende no ar por atividades como serrar, cortar, polir, moer, arar e esmagar materiais como areia, rochas e alguns tipos de minério ou concreto.
Além disso, as poeiras costumam ser invisíveis a olho nu, podendo percorrer grandes distâncias e permanecer no ar por longos períodos. Assim, a doença pode atingir até mesmo indivíduos que não têm contato direto com a substância.
Quando as partículas de sílica ingressam nos pulmões, vão se acumulando nos alvéolos de maneira imperceptível. Com o tempo, começam a se formar nódulos no órgão. A medida em que a doença progride, eles aumentam de tamanho, dificultando cada vez mais a respiração.
Em geral, ela demora alguns anos para manifestar sintomas. No entanto, depois que a sílica entra nos pulmões, a doença é praticamente inevitável.
Setores de risco
No Brasil, o número de trabalhadores potencialmente expostos, segundo o Ministério da Saúde, é superior a seis milhões. Desses, quatro milhões estariam somente na construção civil, incluindo também atividades como encanamento, pintura e alvenaria.
No setor da mineração e garimpo, mais 500 mil. Já nas fundições, metalurgia, indústria química, de cerâmicas, borracha e vidro, mais uns dois milhões de trabalhadores.
Nos casos diagnosticados e registrados no Ministério do Trabalho, o estado de Minas Gerais ocupa lugar de destaque, seguido pelo estado da Bahia.
Entretanto, apesar de todas as recomendações e proibições, ainda há casos de areia sendo usada de maneira inapropriada nos trabalhos de jateamento.
O jateamento, como sabemos, é frequentemente empregado para eliminar as irregularidades da superfície de peças fundidas, velhas pinturas de superfícies metálicas etc.
Porém, o uso da areia como agente faz com que ela se fragmente em partículas muito pequenas e leves, ficando mais tempo em suspensão no ar. Isso facilita sua inalação pelo trabalhador, que fica comum volume significativo aprisionado no trato respiratório.
Já em 1974 o NIOSH (National Institute for Occupacional Safety and Health) recomendava a proibição dos jateamentos com o uso da areia em decorrência da presença sílica. Na Grã-Bretanha a prática é declarada ilegal desde 1949.
No Brasil, conforme a NR15 (Portaria SIT nº 99 de 19 de outubro de 2004) “fica proibido o processo de trabalho de jateamento que utilize areia seca ou úmida como abrasivo”.
Assim, os trabalhadores de empresas que ainda utilizam a areia como agente abrasivo estão correndo um sério risco. É possível que grande parte deles não use a proteção respiratória de forma adequada. Alguns, talvez, estejam trabalhando até mesmo sem nenhuma proteção.
Quais são os sintomas da silicose?
Entre os sintomas da silicose estão o comportamento ofegante, decorrente do esforço físico para respirar, e a febre. Também é comum a manifestação de cianose – cor azulada nas mucosas e/ou extremidades (pés e mãos).
Além disso, pessoas com silicose tem mais probabilidade de desenvolver tuberculose e nocardiose, bem como esclerose sistêmica progressiva, doença renal crônica e câncer de pulmão.
Ademais, é importante notar que a silicose se divide em três tipos, com sintomas diferentes, de acordo com o tempo de exposição e manifestação:
CRÔNICA
Considerada a mais comum, que decorre da exposição a concentrações baixas de poeira ao longo de um tempo médio de 10 a 20 anos.
Seus sintomas só costumam aparecer depois de anos, começando com a dificuldade para respirar com esforço físico. A doença vai evoluindo progressivamente, mesmo com o fim da exposição à sílica, podendo chegar ao ponto de dificultar a respiração até no repouso.
As lesões no pulmão também podem gerar uma baixa oxigenação do sangue – causando tontura, fraqueza e náuseas – além de pressionar o lado direito do coração. Essa pressão pode, inclusive, causar a cor pulmonale, tipo de insuficiência cardíaca que pode ser fatal.
ACELERADA ou SUBAGUDA
Forma em que a doença se manifesta em tempo mais reduzido, entre cinco e dez anos, com evolução para fases mais graves. É muito comum no nordeste brasileiro entre os cavadores de poços.
Seus sintomas são os mesmos da forma crônica, mas se manifestam e agravam de forma bem mais rápida.
AGUDA
Decorrente da exposição severa à sílica livre, em concentrações mais elevadas, comuns nos trabalhos de jateamento com areia e nos trabalhos de britagem.
Sua manifestação ocorre em tempo extremamente curto em se comparando com as outras formas da doença: de poucos meses até quatro ou cinco anos. A falta de ar piora muito rápido, causando cansaço e perda de peso.
Como é feito o diagnóstico
O diagnóstico da silicose é obtido com base na presença dos sintomas, junto aos resultados de exames pulmonares.
O exame principal é a tomografia computadorizada do tórax, enquanto a radiografia torácica e a espirometria são complementares ao diagnóstico.
Ademais, quando as imagens não são claras, também podem ser feitos exames com amostras de tecido pulmonar.
Prevenção: como evitar a silicose
Nos casos em que empregadores ainda não substituíram a areia pela granalha, a adoção de algumas medidas pode servir como precaução contra o crescimento da doença no país:
- Os trabalhadores devem manter práticas de higiene pessoal adequadas. Lavar as mãos antes de comer, beber ou fumar; não comer ou fumar no local de trabalho;
- Devem utilizar roupas de proteção descartáveis ou laváveis. Trocar de roupa antes de deixar o local de trabalho;
- O ar no ambiente deve ser monitorado frequentemente para possibilitar o conhecimento do nível de exposição ao qual está submetido o trabalhador;
- Caso os níveis de exposição estiverem acima dos limites recomendados pela NR15, devem ser utilizados equipamentos de proteção respiratória adequados;
- A inspeção, manutenção e higienização dos referidos EPIs devem ser feitas de acordo com a NR6;
- Os treinamentos para o perfeito uso dos EPIs também devem ser ministrados;
- Aos trabalhadores que estejam potencialmente expostos, a assistência médica é indispensável, assim como os exames de raios X regulares;
- As áreas empoeiradas com sílica devem ser demarcadas e sinalizadas com avisos de advertência;
- Os trabalhadores devem ser conscientizados sobre os riscos da exposição à sílica e seus efeitos no organismo;
- A vacina pneumocócica e a vacina anual contra a gripe devem ser aplicadas aos profissionais expostos, já que estão mais vulneráveis a essas infecções.
Qual o tratamento para silicose
Apesar de incurável, a silicose pode ter sua evolução retardada ao interromper a exposição à sílica. Além disso, os sintomas também devem ser tratados.
Os dilatadores brônquicos são uma opção para o tratamento das dificuldades respiratórias, bem como o uso de medicamentos para aliviar as secreções das vias aéreas.
Para as silicoses aguda e crônica, a lavagem pulmonar total também é uma forma de tratamento. Já para a aguda e a acelerada o uso de corticosteroides é uma boa opção.
Também devem ser feitos exames preventivos regulares com teste cutâneo para tuberculose, bem como monitoramento e tratamento para baixos níveis de oxigênio no sangue.
Já a reabilitação pulmonar pode ser de grande ajuda para melhorar a qualidade de vida cotidiana. Em último caso, pode ser pensado o transplante de pulmão.
Por fim, em caso de insuficiência cardíaca ou tuberculose, elas devem ser tratadas adequadamente.
Conclusão
A silicose é uma doença muito perigosa, podendo inclusive levar a morte, em sua forma mais grave. Além disso, ainda não possui cura, sendo seus tratamentos apenas paliativos e retardantes.
Portanto, a melhor medida continua sendo a prevenção. As práticas de segurança devem ser seguidas à risca, como medidas de higienização e inspeção e o uso de equipamentos adequados.
Também é essencial a realização de exames regulares, já que a detecção precoce pode ser muito eficiente para evitar a evolução da doença.
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